Palestra: ARTE DE MÃOS, com a professora Teresa Perdigão.
A Palestra “ARTE DE MÃOS, um olhar etnográfico sobre o saber-fazer das rendeiras da ilha do Pico (Açores)” ministrada pela professora Teresa Perdigão no último dia 19 teve foco na origem de diferentes rendas como as de Peniche, Bilro, Faial, e Pico, a mais abordada.
Originada na ilha de Pico (Açores) e muito semelhante ao familiar Crochê, a Renda de Pico se difere pela agulha que inicialmente era constituída por uma farpa. A prática era realizada quando as mulheres levavam o gado para pastar nas elevações da ilha, na maior parte das vezes se fazia necessário percorrer um longo trajeto e permanecer no local de pastagem aguardando a condução do gado de volta a residência, então, as mulheres passaram a realizar a confecção nesses locais. Juntamente com a linha e a agulha, levavam água para higienização das mãos e garantir que a renda sempre estivesse muito limpa. Não confeccionavam pra si mesmas, apenas para comercialização que era realizada pela mesma intermediária que fazia o fornecimento da linha.
Hoje em dias as Rendas são classificadas como Eruditas, Populares e Criativas, que são as mais comercializadas e que atualmente ilustram figuras modernas da ilha, como surfistas, ondas, guitarras. Tradicionalmente só consideram verdadeiramente peças de renda as que são brancas.

Cartaz – Arte de Mãos por Eliane Debus e Joi Cletson
Atualmente as rendas produzidas em Açores recebem um certificado de autenticidade que assegura o comprador de que não houve falsificação, o que não acontece em Florianópolis. Segundo a Profª Teresa Perdigão, seria interessante que tanto as rendas de Açores como de Florianópolis fossem consideradas patrimônio material, até mesmo foram comentados casos durante o debate, em que peças de rendas de Bilro compradas em Florianópolis estavam sendo comercializadas no exterior como tendo sido confeccionadas em outros países.